Do portal G1
Alexandre Garcia
Renan Calheiros insiste em ficar e a responder a cada intervenção dos senadores de lá, da cadeira do presidente do Senado. Ele, ontem, ante a pressão, foi buscar mais uma resposta grandiloqüente.
Depois do "querem assassinar a minha honra" a frase da vez foi: "O Senado é bem maior que a crise que querem agigantar". Ele não percebe que a crise se já virou gigante, porque atitudes no conselho de ética estavam transformando o Senado em anão. Demorou quase um mês para alguns senadores vencerem a timidez ante a mais explícita tentativa de pizza na história de mais de 180 do Senado.
Ouvimos o relator Leomar Quintanilha (PMDB-TO) dizer agora que todos querem o aprofundamento das investigações. Quer aprofundar quando o óbvio já está na superfície desde o início, quando o senador Calheiros confirmou ter usado um lobista de empreiteira para passar dinheiro – não importa de quem – em uma ligação clandestina, pondo-se nas mãos do lobista, cuja missão é incluir verbas de sua empreiteira no orçamento, que é aprovado em sessão presidida pelo senador Calheiros. Esse é o fato óbvio para julgamento de decoro, que os senadores fingem não perceber.
O senador Quintanilha disse estranhar que as denúncias contra ele tenham aparecido depois de ter sido eleito presidente do conselho de ética. E tem razão. É estranho que não tenham aparecido antes de ser eleito por nove a seis, com votos, certamente, dos senadores Eduardo Suplicy (PT-SP) e Renato Casagrande (PSB-ES), que talvez não soubessem delas.
Já agora o presidente do conselho de ética quer uma comissão de três relatores para fazerem o trabalho que um senador doente, de 83 anos, fez em dois dias. Um dos possíveis relatores, senador Renato Casagrande, disse ontem que o processo não pode ficar pairando como um fantasma que assombra a casa.
Tem razão.
É tudo assombroso.
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