Estação Ferro Carajás corta área da reserva Terra Indígena Mãe Maria. Funai quer aumentar valor repassado pela Vale do Rio Doce aos índios da região.
Os índios que vivem na reserva Terra Indígena Mãe Maria, no Sudeste do Pará, pedem o aumento do valor da compensação pelos danos ambientais provocados pela Estação Ferro Carajás, da Companhia Vale do Rio Doce. Atualmente, as tribos Parkatejê e os Kykatejê recebem, cada uma, R$ 394 mil por mês. A reserva indígena tem 62,4 mil hectares.
Segundo informações da Agência Brasil, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou, no dia 10 de julho, um financiamento de R$ 774,6 milhões para a ampliação da ferrovia. Com isso, a capacidade de transporte do trecho deve crescer 50%, ampliando o impacto ambiental na região.
Um decreto editado durante o governo Sarney excluiu o trecho cortado pela Estação de Ferro Carajás da área da reserva, bem como as linhas elétricas mantidas pela Eletronorte e a BR-222, que também corta o território. A disputa dos indígenas, entretanto, não é pela retomada da área, mas por um aumento no valor da compensação paga pela companhia mineradora.
"A gente sabe que sempre tem impacto sobre toda a biodiversidade, como já teve", afirmou à Agência Brasil o professor indígena Atonti Iapempramre, do povo Gavião Parkatejê.
Segundo ele, a reserva mudou completamente desde a instalação da ferrovia, na década de 80.
"Não temos mais a mesma quantidade árvores frutíferas como a castanheira e o cupuaçuzeiro. Nem de animais como tatu e veado", disse Iapempramre. "Com a ferrovia, ou o trem passa por cima da caça ou espanta os animais."
A legislação brasileira prevê o pagamento de compensações financeiras aos indígenas quando um empreendimento afeta o modo de vida da população. Segundo a Funai, o dinheiro pago atualmente é gasto com a melhoria do sistema de captação de água, construção de casas, projetos de cultivos de grãos e reflorestamento.
O acordo que determinava o valor da compensação venceu em junho. A expectativa das lideranças, agora, é que com a expansão da ferrovia, a mineradora também amplie a indenização. “Por enquanto as propostas vão e voltam sem consenso”, informou o professor Lapempramre. De acordo com ele, a demora não é um problema, pois os índios querem resolver a situação "consensualmente".
A negociação entre as comunidades e a companhia é acompanhada pela Funai e o Ministério Público Federal. A Vale não quis comentar o processo e não informou se vai oferecer uma proposta maior.
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