sexta-feira, 11 de maio de 2007

Chico Ferreira pretende divulgar carta explosiva em breve

CASO NOVELINO Segundo o advogado do acusado, o empresário pode até negar que tenha sido mandante da morte dos dois irmãos. O objetivo do documento seria de apresentar a versão dele sobre os fatos


O caso dos irmãos Novelino pode sofrer nova reviravolta, ainda nesta semana. O empresário João Batista Ferreira Bastos, o Chico Ferreira, deve divulgar, até amanhã, uma carta na qual poderá negar, inclusive, ter sido o mandante do crime. Segundo o advogado Dib Elias Filho, que atua na defesa de Ferreira, o empresário lhe disse que confessou ser o mandante dos assassinatos, para que o ex-policial Sebastião Cardias, um dos executores, viesse a se entregar. Mas o advogado não soube dizer os motivos de Cardias para querer eliminar os dois irmãos.

“Eu acho que ele vai até negar os assassinatos”, disse, ontem, Dib Elias Filho, por telefone, ao DIÁRIO. Ele não quis entrar em detalhes quanto ao conteúdo da carta que está sendo redigida por Ferreira, mas adiantou que o mesmo se prepara para “esclarecer todos os fatos de que está sendo acusado”, que envolvem, especificamente, o assassinato dos Novelino. “Ele (Chico) vai falar sobre o crime, a situação dele. Ele vai abrir o jogo”, afirmou.

Dib Elias Filho confirmou que Ferreira possuía uma dívida de R$ 4 milhões com os Novelino. Mas acrescentou que o empresário lhe disse já ter efetuado pagamentos que equivalem ao triplo desse valor, em decorrência dos juros que lhe eram cobrados. O advogado negou, porém, que Chico Ferreira tenha proposto, aos promotores com os quais reuniu, na última segunda-feira, falar o que sabe sobre o crime organizado e a ação das empresas dele e de Marcelo Gabriel, junto aos governos tucanos, em troca de ser ou retirado do país ou transferido para uma prisão federal.

“Isso não existe. Ele foi depor lá, na Justiça Federal. Eu desconheço que esteja em andamento qualquer processo quanto à delação premiada. Ele não me passou isso, a informação não é correta. E na carta que vai divulgar, ele vai esclarecer tudo o que aconteceu”, afirmou o advogado. Quanto à possibilidade da proposta ter partido do Ministério Público, Dib Elias Filho foi mais cauteloso: “Não sei se isso foi proposto por alguma autoridade, mas não saiu dele. Agora, se propuseram isso a ele, é outra conversa. Ele está escrevendo sobre isso”.

Empresário vai depor na Justiça Federal

Quanto à disposição de Chico Ferreira de contar o que sabe sobre as empresas dele e de Marcelo Gabriel, o advogado foi ainda mais reticente: “Não sei. Ele é um cara inteligente. Eu o oriento, mas a decisão é dele”. Segundo, também, Dib Elias Filho, Chico Ferreira está preparando um dossiê no qual provará, com documentos, todas as afirmações que fará na carta que divulgará à imprensa ainda hoje ou, no máximo, amanhã. O dossiê, disse o advogado, será “apresentado às autoridades quando chegar a hora”.

Ontem, uma fonte do Ministério Público Federal reafirmou, ao DIÁRIO, a proposta feita por Chico Ferreira aos promotores, na reunião da última segunda-feira: ou ser retirado do país ou ser transferido para uma prisão federal, em troca de contar o que sabe. “Ele pode até negar isso, é um direito dele”, disse a fonte. “Mas foi isso o que aconteceu”.

Hoje, Chico Ferreira será ouvido pelo juiz Rubens Rollo, em ação que tramita na Justiça Federal. O magistrado é o mesmo que atua no processo da operação Rêmora, na qual a Polícia Federal prendeu Chico e Marcelo, em novembro do ano passado, sob a acusação de chefiarem uma quadrilha especializada em fraudes licitatórias e previdenciárias. Mas, tanto um promotor ouvido pelo DIÁRIO, quanto o advogado Dib Elias Filho negaram que a audiência tenha alguma coisa a ver com a operação Rêmora, ou com eventuais negociações para a delação premiada. No processo de hoje, garantem, Chico Ferreira figura, apenas, como testemunha.

Na noite de ontem, o DIÁRIO ouviu um delegado de Polícia Civil acerca da possibilidade de Chico Ferreira negar ser o mandante do assassinato dos Novelino. Segundo o delegado, a negativa do empresário em nada vai alterar o enquadramento dele no inquérito policial. Isso porque, o primeiro depoimento de Chico Ferreira, no qual ele admitiu o planejamento dos crimes, está devidamente assinado e foi tomado na presença de um advogado. Quer dizer, permanece perfeitamente válido.

Ana Célia Pinheiro Diário do Pará

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